Infelizmente
continua muito atual a Cantata da Paz, poema escrito por Sophia
de Mello Breyner Andresen (1919-2004) para a vigília que se seguiu à missa
pela paz, celebrada no início do ano de 1969, na igreja de São Domingos, em
Lisboa. Destacamos aqui algumas das quadras deste intemporal manifesto dos
nossos tempos que foi divulgado, primeiro em folhetos e, mais tarde, incluído
no livro Católicos e Política, editado pelo Padre José da Felicidade
Alves. Algumas delas foram também musicadas pelo Padre Francisco Fanhais no seu
álbum Canção da Cidade Nova.
Vemos, ouvimos e lemos
Não podemos ignorar
Vemos, ouvimos e lemos Não podemos ignorar Nós, o povo de Deus, Reunidos imploramos
A graça
da Paz
A graça da paz Vemos, ouvimos e lemos Relatórios da fome O caminho da injustiça A linguagem do terror (,,,)
Os países inventam
Bombas e prisões
A máquina produz Perfeitas sujeições |
E no terceiro mundo
Nos campos e na rua A fome continua A fome continua (,,,) Nos caminhos da terra Os mapas continuam De fome e sujeição E continua a guerra O cântico da flauta E a música do banjo Não podem apagar O concerto dos gritos Nada pode apagar O concerto dos gritos O nosso tempo é tempo De pecado organizado |
FELIZ ANO NOVO!