O Ano da morte de Ricardo Reis, considerado um dos melhores livros de José Saramago, situado no ano de
1936, reinventa Fernando Pessoa no sujeito de ficção protagonizado pelo seu
heterónimo Ricardo Reis. Num interessante e original enredo, fornece-nos um
olhar crítico do contexto histórico da capital portuguesa dos anos trinta,
época fortemente marcada pelos constrangimentos do regime salazarista.
José Saramago (1922-2010),
que se estreou como romancista em 1947 com Terras do pecado, exerceu diversas atividades
profissionais durante o salazarismo, tornando-se membro do Partido Comunista em
1969. A partir de 1976 dedicou-se a tempo inteiro a edificar uma significativa
obra literária cuja gradual notoriedade, a partir de 1980 com Levantados do chão, culminou em 1998 com o Prémio Nobel da Literatura.
Esta obra, uma das
mais relevantes do autor, que a apresentou na cidade de Faro em 1985 no
Círculo Cultural do Algarve – a cuja direção pertencia então o investigador do GREI Carlos Marques Simões –, descreve a
última fase deste heterónimo de Fernando Pessoa desde que chega a Lisboa até à
sua morte. Esta ideia de Saramago, surgida logo após o seu primeiro êxito
literário, não foi no entanto, concretizada de imediato por receio do que os pessoanos poderiam achar de tal
“atrevimento”.
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