O Dia dos Prodígios foi o primeiro
livro publicado pela consagrada escritora Lídia Jorge, a quem a Universidade do
Algarve atribuiu em dezembro de 2010 o grau de Doutor Honoris Causa, tendo,
na ocasião, a sua laudatio sido proferida
Prof. Doutor Pedro Ferré da Ponte.
Nesta sua
obra de estreia em 1980, a autora partilha o seu modo pessoal de entender o
insólito provocado pelo impacto da Revolução
dos Cravos em certos lugares periféricos, nas profundezas duma ruralidade característica
do Estado Novo. Para tal, dá voz aos
modos de sentir da gente humilde de uma localidade ficcional que poderia ser a
sua terra natal no Algarve – Boliqueime
Neste texto,
digno de alguém já em plena maturidade, aborda-se uma realidade arredada dos
longínquos ecos vindos de Lisboa e demasiado centrada no imediatismo de
acontecimentos prodigiosos que se desenrolam num outro estranho mundo, onde os
protagonistas são seres quase imateriais.
Testemunha
do seu tempo, dando a palavra ao povo, em particular às mulheres, Lídia Jorge,
embora consciente dos ventos de mudança trazidos pelo 25 de abril, imortaliza
uma gente que, embora afastada do progresso, sofre as contradições do choque
entre os mitos de um país fechado e as novas esperanças anunciadas.
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