Desde que em 1949, no rescaldo da derrota germânica
na II Guerra Mundial, se
constituiu a República Federal da Alemanha (RFA) a partir das três zonas de ocupação ocidentais, a
fronteira que a separava da República
Democrática Alemã (RDA) foi alvo de proteção; primeiro
com o apoio de polícias e guardas fronteiriços e, mais tarde, mediante a colocação
de barragens, reforçadas especialmente do lado oriental a pretexto da
necessidade de preservar a sua economia planificada e de conter a emigração
descontrolada, sobretudo a fim de evitar a “fuga de cérebros” para o ocidente.
Mas vai ser com a intensificação da Guerra Fria que o plano da
edificação do Muro de
Berlim – de início um segredo
de Estado – começa a ser concretizado por decisão do Partido
da Unidade Socialista da Alemanha, apesar das anteriores declarações em
contrário do então Presidente do Conselho de Estado da RDA, Walter Ulbricht.
Assim, na noite de 12 para 13 agosto de 1961, sem aviso prévio, sob a direção e
supervisão da polícia e do exército, começam as obras de uma parte desta
barreira que viria a apartar, física e simbolicamente, as duas novas Alemanhas.
Este ícone da Guerra
Fria – e da cisão de um país – que foi sendo reforçado e
refeito ao longo dos 28 anos em que se manteve de pé, estendia-se por 45 km de
modo a dividir Berlim em duas partes, prolongando-se ainda por mais 115 km. Esta
fronteira era também protegida por uma cerca de arame farpado, fios de alarme,
trincheiras para impedir a passagem de veículos, mais de 300 torres de vigia e 30
bunkers. Até à
sua queda – a 9 de novembro de 1989 – muitas foram os que morreram ou ficaram
feridos ao tentar transpor o Muro de
Berlim, atingidas
pelos guardas ou vítimas da detonação de minas, não sendo fácil fazer uma
estimativa exata dos custos humanos dessa constante tentativa de alcançar a
miragem de liberdade corporizada pelo acesso ao setor ocidental.